quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Confundem amor com pedras...

Imagem tirada da net

Na primeira pessoa:
Um rio, na sua nascente, jorra águas puras. Ao longo do seu percurso, vai sendo poluído, perdendo a sua pureza. Melhor resiste à poluição, quanto maior for o seu caudal, embora por vezes nem o caudal lhe valha, de tão caustica e violenta é essa mesma poluição.
Tal como a vida de um jovem afectado pelo Síndrome de Alienação Parental. Nasce puro, sem ideias incutidas. Assim se mantém enquanto a idade da inocência durar. Até que no seu ainda tenro percurso, e sem caudal suficiente para superar e repudiar tamanha ameaça, começa a ser violentado com poluição, consubstanciada nas mentiras, calúnias e artimanhas que um dos progenitores engendra com a finalidade de que a criança odeie o outro progenitor. E tantas vezes as mentiras são ditas, que passam a ser verdades, numa luta desigual, pois ao progenitor alienado são vedados os caminhos de defesa, de aproximação: A verdade fica tão deturpada, que a criança confunde amor com pedras.
Citando:
“A alienação filial é um mau trato grave que deve merecer medidas judiciais de protecção das crianças, e a respectiva limitação do poder paternal, a alienação parental representa um processo de enorme perversidade, pois faz-se com dolo para um dos pais e a pretexto da vontade expressa ou sob o consentimento táctico de uma criança. Tamanha instrumentalização – que faz com que sob os mais diversos argumentos, se evoquem (de forma populista, demagógica e malévola) os supremos interesses de uma criança e a pertinência da sua protecção – é uma forma de lhe cercear o direito a usufruir de ambos os pais e, pior, impõe-lhe conflitos de lealdade sem fim, uma vez que aproximar-se de um dos pais a leva a trair o outro, e vice-versa, num esmagamento de identidade sem fim.”
Eduardo Sá
Na terceira pessoa:
Que adultos serão estas crianças?
Que adultos serão os jovens educados com lacunas afectivas?

5 comentários:

  1. Temos sempre aquelas belas frases populares de "Quem conta um conto, acrescenta um ponto" e "Puxar a brasa à sua sardinha"... Quando só um progenitor cuida da criança, contando somente as coisas do lado dele, é fácil fazer a cabeça à criança. Conheço bem uma história deste género na minha família, felizmente comigo não. Mas penso que também depende da criança, porque (ainda) há aquelas que conseguem perceber as jogadas dos pais, infelizmente essas estão em vias de extinção... =\

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  2. Olá Tiago.
    Este é um assunto que me é caro, e que volta e meia trago aqui. Vivê-lo na primeira pessoa, é doloroso. Posso assegurar isso! Quanto ás questões que coloco, diz-me também a experiência que a resposta é igualmente penosa. A dor duplica. E a impunidade passeia-se numa instrumentalização perversa, para a qual não sei se o tempo trará resposta!
    Ficarei satisteito se o testemunho que aqui vou deixando servir para alertar algumas consciências, e evitar ou atenuar o sofrimento de outros.
    Cumprimentos.

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  3. Boa noite.
    Pois, vivê-lo na primeira pessoa deve ser, realmente, doloroso. Espero que nunca me aconteça a mim, apesar de não estar dentro do assunto que fala, penso eu.
    Em relação às perguntas, é complicado responder, mas penso que não vale a pena "sofrer por antecipação", pois já vi rapazes com essas lacunas afectivas que após terem uma dose de responsabilidade, tornaram-se maturo, cresceram e perceberam o seu erro.
    Pelo menos penso que foi o caso do meu primo e alguns outros que conheci. Depende da personalidade desse(s) jovem(ns) e do ambiente que o(s) rodeia.
    É uma situação muito difícil de avaliar, pois cada jovem é diferente dos restantes (daí a palavra indivíduo, penso eu).
    Sem dúvida que é uma situação dolorosa de imaginar, pois quando se imagina o nosso futuro, imaginamos uma família unida, não quebrada e afastada dessa forma relatada no texto.
    Mas isto é um assunto que dá pano para mangas e não me quero alongar muito.
    Cumprimentos.
    P.S.: Continue com este blog, estou a gostar muito de o seguir. Pena não o ter descoberto mais cedo.

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  4. Caro amigo:
    Podem tentar alienar o pai, haverá até confusão nas cabeças das crianças, mas esses agora adolescentes de certeza se lembram dos bons momentos, do pai amigo, divertido, aventureiro, e com um sentido de humor invejável.
    Tudo isso virá ao de cima um dia, não sabemos quando, e tenho a esperança que um dia serão uns adultos conscientes do amor que o pai tem por eles.
    É um pequeno comentário, é um encorajamento para continuares com essa luta que é tua. E de outros pais.
    Obrigada pela tua amizade
    G.SABBO

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  5. Já escrevi e apaguei não sei quantas respostas a este comentário.
    Enquanto escrevo e apago, passam pela minha memória alguns momentos em que a nossa juventude se cruzou, e que fomentaram esta amizade e entendimento que hoje resiste à distância . E se sei que alguém me entende, és tu! Obrigado, eu, pela amizade e força!

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