domingo, 17 de janeiro de 2010

Bandeiras na consciência

Há alguns anos atrás um brasileiro simpático criou um movimento sem precedentes em Portugal. Quem não se lembra das bandeiras, orgulhosamente colocadas nas, janelas, nas varandas, nos automóveis, nas lojas, nos restaurantes, etc. etc. Uma onda contagiante de apoio à selecção Nacional de Futebol, gerou um “orgulho de ser Português”, bem patente nos gritos e manifestações de euforia por cada golo que a selecção marcou, bem patente também na garra posta ao entoar o hino nacional antes de cada partida. Ficou bem claro que a mobilização é possível, e que enquanto povo, ao acreditarmos numa causa, somos bem capazes de conseguir unir esforços para levar avante essa causa.
Puxo este assunto, pois acredito que está na hora de colocarmos de novo as bandeiras nas nossas janelas, não para apoiar um grupo de meninos-prodígio, que são pagos a peso de ouro para correr atrás de uma bola, mas porque a situação deste país a isso convida.
E vou mais longe. As bandeiras que temos que colocar, não são na janela, mas sim na consciência. Na dedicação àquilo que fazemos, no trabalho que desenvolvemos, na critica que colocamos. Sei que por vezes sou mal interpretado pelas opiniões corrosivas que emito sobre alguns dos nossos governantes, mas que hei-de eu fazer?!? Põem-se a jeito!
Tomemos o exemplo das obras públicas: Estamos numa situação de difícil controlo do deficit. Há que reduzir despesas públicas. Até aqui tudo certo. Por outro lado, há que criar empregos, e decide-se então a adjudicação de várias obras públicas. Em estabelecimentos de ensino, hospitais, estradas por esse país fora. Tudo certo também, mas surgem as primeiras questões: será que todas estas obras foram devidamente pensadas e planeadas para serem rentáveis a curto ou médio prazo? A sua necessidade é real em todos os casos? E as derrapagens financeiras que seguramente começarão a surgir, quem as controla? Quem as paga? Todos sabemos que há concursos que são ganhos com a apresentação de orçamentos baixos, e depois de as obras começadas, surgem as referidas derrapagens, com aumentos substanciais dos custos. Das duas uma: ou foi mal adjudicada, ou foi adjudicada com alguma intenção pouco clara. Os compromissos financeiros apresentados para a adjudicação da obra, de nada valem. Sabe-se á partida que o custo será superior, mas o que importa é ganhar o concurso… depois alguém há-de pagar!
Na passagem de ano, sempre brindo a que no novo ano pague mais impostos do que no ano anterior. Isto representa o cumprimento do meu dever enquanto cidadão e contribuinte, mas também mais prosperidade, pois se pago mais impostos, é porque tive mais rendimento. Este ano, pela primeira vez desde que comecei a minha carreira contributiva, não fiz este brinde. Estou cansado de ver o meu contributo a ser esbanjado, às mãos de incompetentes impunes, ou de interesses pouco claros, igualmente impunes.
Por mim, diria basta! Mas não é ignorar estas questões que trará alguma melhoria. Por isso o meu apelo, de voltarmos a colocar as bandeiras, mas desta vez na consciência, procurando o superior interesse da nação, tornarmo-nos exigentes, diria mesmo implacáveis com os responsáveis pela causa pública. Abracemos pois a causa da seriedade, da transparência processual. A bem de todos. A bem de Portugal.

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