domingo, 31 de janeiro de 2010

Ao Pôr do Sol



Ao pôr-do-sol

Eu estava sentado pertinho do mar,
A Deus elevando a minha oração;
Sentia-me triste, queria chorar
E deixei cair os olhos no chão

O Sol cor de fogo, caía também,
Em lenta agonia nas águas além;
E o vento baixinho, pôs-se a trautear
A bela canção que vos vou contar.

Falava da paz, da fé, do amor,
Do belo, do bem, da luz, do calor!
Das plantas, dos rios, dos prados, das fontes,
Das nuvens, das flores, das aves, dos montes!

E dizia em voz suave de esperança:
- Levanta o teu rosto e tem confiança,
Não olhes para baixo, contempla estes céus,
E canta comigo o louvor de Deus!

Ouve a natureza, cantemos com ela,
Tua voz dolente será doce e bela;
Perdoa e ama a todos na vida
E serás feliz, e serás querida!
És filha, és noiva, és esposa e mãe?
Queres a vitória e queres ser alguém?
És forte se aos outros estenderes a mão
A todos servindo de alma e coração!

E a noite caiu bonançosa e calma
Enquanto eu orava ali, junto ao mar,
E a voz de Deus falava à minha alma
Ouvindo o oceano no seu marulhar.

6 de Agosto de 1964
António dos Santos Martins (1921 - 2000)

2 comentários:

  1. Obrigada, mano, pela partilha expressa da emoção, da saudade...
    gláucia

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  2. Claro!
    O dia de hoje não podería passar sem referência.
    Se entre nós completaría hoje 89 anos, o nosso Pai.
    Só não está entre nós, mas continua bem vivo na nossa memória!
    E é uma alegria recordá-lo!

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