quinta-feira, 22 de outubro de 2009

A vida num reflexo



A vida num reflexo.
Quantas vezes olhamos a vida apenas pelo reflexo que nos é possível ver? O desconhecimento da verdade, a falta de informação, o medo ou a fuga á realidade, a impossibilidade de aceder á origem, leva-nos a procurar reflexos, trilhos paralelos, aparentemente mais fáceis, mas por vezes impossíveis de percorrer, de tão utópicos que se nos apresentam. Será o caso deste quadro em que o reflexo do castelo aparece sobre a colina e o vale, numa ilusão apenas possível na imaginação do autor, ilustrando o tal percurso impossível.
Por outras palavras, ainda que a nossa escolha, ou as condicionantes da vida nos conduzam aos reflexos, é bom ter presente que mesmo para estes é necessário um elemento de pureza óptica, como um espelho, ou águas puras, tranquilas e cristalinas, como no caso da foto, do lago dos cisnes reflectindo o palácio.
Diz o povo, que nem tudo o que parece é, nem tudo o que reluz é ouro. Assim, é também o reflexo daquilo que vemos: Ou é impossível, ou é límpido ou é distorcido, consoante o meio envolvente seja pedra, águas cristalinas e tranquilas, ou águas agitadas. Nunca será tão perfeito, tão claro e nítido como a origem.
E lamentamos, quando á nossa volta vimos alguém, que insiste em deixar-se levar seguindo reflexos distorcidos, desprovidos de verdade, e quando afinal as águas cristalinas estão aqui tão perto, e tão perto também está a verdade!
Um reflexo, será sempre um reflexo. Cabe a cada um encontrar o seu, encontrar o seu percurso, trilhar o seu caminho, refutando imposições. Descobrir-se, redescobrindo-se a cada novo reflexo…
Chamaria a este processo crescer. Crescer buscando a verdade, distinguido o reflexo da imagem real, e com a coragem de permanecer nesta procura…
E neste processo, nunca é tarde para crescer, tal como nunca é tarde para aprender.
A verdade não se inventa. Está lá, pura e simplesmente á espera de ser descoberta. E assim permanecerá. Sempre.

1 comentário:

  1. Eu por mim chamar-lhe-ia desbastar a pedra... Tirar as arestas... E segundo o engenho e a arte de cada um, descobrir a obra de arte que existe em cada pedra bruta...

    ResponderEliminar