quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Quando me perco

Faz alguns anos, num momento particularmente difícil da minha vida, num contexto solene, um amigo dedicou-me esta musica do Luis Represas. Não falou muito: apenas apelou á sabedoria e á força para ultrapassar esse momento, e á beleza da musica.


Chorei compulsivamente por tanto tempo quanto a musica durou. Ainda hoje, ao ouvi-la se apodera de mim a emoção forte que me transporta aos sorrisos que lentamente me têm sido arrancados. A visão torna-se turva, pelas lágrimas que teimam em sair...

Porque não me quero perder,

Dedico o conteúdo musical deste video, gravado também ele em nobre causa solidária,

Aos sorrisos que me faltam...

Aos sorrisos que enchem os meus dias, e que o rasto quero sempre seguir...

Ao sorriso que me enche a alma...

Aos meus filhos.

Aos meus queridos, presentes e ausentes, e aos meus amigos.

Á estrela que ilumina a minha noite!





domingo, 25 de outubro de 2009

Saramago: Manual de maus costumes?...

Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.
E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.
O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.
Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;
Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá.

I Coríntios 13 vs 1 a 8

Naturalmente, que não sou eu o autor deste texto!
Foi extraído do “Manual de maus costumes”, segundo Saramago.


Pois bem, polémicas á parte, discussões filosóficas e metafísicas á parte, e dogmas de fora: Celebremos a liberdade de viver em plenitude, com fé ou sem ela, em busca da verdade, e sem o risco de acabar numa fogueira, por demonstrar que afinal é a Terra que gira á volta do Sol e não o contrário! E no respeito pela percepção de cada um. Chamem-lhe Deus, Alá, Jeová, ou qualquer outra designação, a esse ente supremo, como seria melhor este mundo se os Homens, sem fundamentalismos e fanatismos reivindicativos de posse exclusiva da verdade, procurassem de facto,a paz a harmonia e o Amor.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

A vida num reflexo



A vida num reflexo.
Quantas vezes olhamos a vida apenas pelo reflexo que nos é possível ver? O desconhecimento da verdade, a falta de informação, o medo ou a fuga á realidade, a impossibilidade de aceder á origem, leva-nos a procurar reflexos, trilhos paralelos, aparentemente mais fáceis, mas por vezes impossíveis de percorrer, de tão utópicos que se nos apresentam. Será o caso deste quadro em que o reflexo do castelo aparece sobre a colina e o vale, numa ilusão apenas possível na imaginação do autor, ilustrando o tal percurso impossível.
Por outras palavras, ainda que a nossa escolha, ou as condicionantes da vida nos conduzam aos reflexos, é bom ter presente que mesmo para estes é necessário um elemento de pureza óptica, como um espelho, ou águas puras, tranquilas e cristalinas, como no caso da foto, do lago dos cisnes reflectindo o palácio.
Diz o povo, que nem tudo o que parece é, nem tudo o que reluz é ouro. Assim, é também o reflexo daquilo que vemos: Ou é impossível, ou é límpido ou é distorcido, consoante o meio envolvente seja pedra, águas cristalinas e tranquilas, ou águas agitadas. Nunca será tão perfeito, tão claro e nítido como a origem.
E lamentamos, quando á nossa volta vimos alguém, que insiste em deixar-se levar seguindo reflexos distorcidos, desprovidos de verdade, e quando afinal as águas cristalinas estão aqui tão perto, e tão perto também está a verdade!
Um reflexo, será sempre um reflexo. Cabe a cada um encontrar o seu, encontrar o seu percurso, trilhar o seu caminho, refutando imposições. Descobrir-se, redescobrindo-se a cada novo reflexo…
Chamaria a este processo crescer. Crescer buscando a verdade, distinguido o reflexo da imagem real, e com a coragem de permanecer nesta procura…
E neste processo, nunca é tarde para crescer, tal como nunca é tarde para aprender.
A verdade não se inventa. Está lá, pura e simplesmente á espera de ser descoberta. E assim permanecerá. Sempre.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

A política e os porcos


Certamente, que alguns dos meus leitores, consideraram a hipótese que o tema sobre o qual me comprometi reflectir seria mais um descascar a torto e a direito nos nossos políticos:
Desenganem-se! Não vai ser nada disso. Não é que matéria-prima não vá faltando, mas a isso também já estamos acostumados.
Desta vez, prefiro abordar o tema de uma forma tão pouco corrosiva quanto possível, pois um homem não é de ferro, e escrever sobre política sem ser, vá lá, um bocadinho corrosivo, até perde a piada. Ou melhor: é impossível! Mesmo na política local!
Bom, mas piada, piada foi o que aconteceu nas ultimas autárquicas em Leiria: O PS, alcança um resultado histórico! Ou, ainda podemos ver a questão de uma outra forma: O PSD também alcançou um resultado histórico. E já agora, o CDS também, que é para não começar já a haver chatices!!! Eles afinal, até vão ter que se entender…
Por um voto se perde, por um voto se ganha! Que o diga o pessoal da freguesia das Cortes.
Mas afinal, que é dos porcos?
Calma! Já lá vamos!
Duvido que o PS tivesse ganho se não houvesse guerrilhas internas na concelhia do PSD. E também duvido que o CDS tivesse mantido o seu vereador. Na verdade, esta minha leitura prende-se apenas com aspectos tradicionais em Leiria, e não quero atribuir nenhum demérito ao candidato independente do PS, Dr Raul Castro vencedor incontestado, e a quem aproveito para desejar o maior sucesso, tomando por certo que o seu sucesso será sucesso de todos nós enquanto Leirienses. Além disso, como li em qualquer lado… sai mais barato aos Leirienses! Já não temos de ir a Cuba! Já temos um Raul Castro só nosso!!! E com a vantagem de não termos tido antes um Fidel…
Então e os porcos?
Já me sinto pressionado a passar rapidamente á questão dos porcos… Pois bem: Por acaso já alguém se lembrou de contar o número de porcos no espeto que foram oferecidos á população votante por esse País fora? Parece-me missão impossível, mas que foram muitos foram, e que podem ter feito a diferença, lá isso podem! Vistas bem as coisas os programas eleitorais das freguesias, são praticamente iguais: Muda-se o sítio do posto médico, ou se alarga-se a estrada A ou pavimenta a rua B, mas no fundo, as diferenças são poucas e ideologia, aqui certamente estará muito afastada. Por isso, a diferença está nos porcos! “O do PS está salgado…” ouve-se algures, “pois, mas o do PSD tem picante com’ó caraças”, ouve-se também. Claro está que nesta hipotética freguesia, ganhou o porco do CDS, de sublime tempero e molho com bastante colorau! Mais porco menos porco, houve mesmo guitarradas e outras quantas gaitadas, pois mesmo na política local, também é disto que o povo gosta. E venham os porcos, e venham as descargas na ribeira dos Milagres, porque isso não interessa nada… Já é demasiado local. Pronto estraguei tudo! Fui tocar no tema das descargas das suiniculturas na ribeira dos milagres… e isto até estava a correr bem, com política e porcos juntos. Finalmente! Será que na freguesia dos Milagres também houve porco no espeto? Algum leitor de Milagres que esclareça?
Preocupa-me esta questão: Qualquer dia, numas próximas eleições, especialmente autárquicas, ainda vai haver uma sublevação dos porcos. Sim, afinal que mal fizeram os porcos para lhes fazerem uma chacina só porque há eleições e todos os candidatos querem ganhar?!
Em jeito de conclusão, diria que a haver mistura entre política e porcos, que seja assim, no espeto! Arrepia-me pensar que possa haver uma qualquer transformação em realidade do romance de George Orwell “ O Triunfo dos Porcos”. Venham de onde vierem.
Agradeço a sugestão para a imagem. Cai que nem uma luva!
Sigamos atentos…

domingo, 18 de outubro de 2009

E tenho saudades, muitas saudades, de uma carícia.



Presumo que os meus leitores esperavam ansiosos por notícias desta minha relação com os gatinhos… A coisa não está fácil! Mais adiante perceberão porquê.
Desde o meu ultimo escrito, que tanta coisa aconteceu. Tantos temas que aqui poderiam ser desenvolvidos: a atribuição do Nobel da paz, os resultados das autárquicas, os contactos de Sócrates com os líderes dos outros partidos com assento parlamentar, isto para mencionar apenas alguns.
E eu preocupado, e a escrever sobre a minha relação com gatinhos?!?
Não me parece bem!
Por outro lado, este blogue pretende assumir-se como um espaço de reflexão, de discussão e a a história dos gatinhos pode, por analogia, levar a isso mesmo, para quem ande mais atento, ou sinta na pele o que é ser alienado. Por outro lado, a questão dos gatinhos é demasiado pessoal, mas por outro lado ainda, o Blogue também é meu, portanto uma questão pessoal em algo que é meu… já bate certo.
Vamos continuar com os gatinhos:
Um deles, feriu-me profundamente! O Amarelinho. Dá-me ideia que foi o primeiro a nascer. É ligeiramente mais corpulento. Dando sinais de aproximação diante de vários amigos, quando mais tarde tentei chegar-lhe, veio ao de cima aquele tal instinto, ou personalidade distorcida, tipo: alguém que se compromete com uma coisa, por exemplo no tribunal diante de um Juiz, e logo após actua de forma oposta em total contradição com o seu compromisso. Atenção, nada de confusões, que os meus gatinhos não estiveram em tribunal! Eu nunca lhes faria isso! Além disso, confesso que não sei bem como os tribunais lidam com estas coisas dos animais… com as questões dos afectos…
Zás! Assim de repente, apanhando-me desprevenido, e cá estou eu com mais uma arranhadela! Não contava com esta, depois dos avanços prometidos… Ando mesmo iludido!
Uma daquelas desferidas com uma precisão cirúrgica, de unha fininha e afiada, daquelas que não deita sangue, mas deixa cicatriz discreta que quase não se vê mas que arde bem fundo, daquelas que a roupa tapa, e uma cara alegre disfarça, mas a alma sofre… Chegou a assustar-me pelo jeito com que me olhou, literalmente a “tirar-me as medidas”, numa das suas investidas. Ainda não percebeu que é apenas um gatinho, orgulhoso, narcisista e egocêntrico, mas apenas um gatinho…
Desta vez, não fiz referência á mãe, não por esquecimento, claro, mas simplesmente porque ela está sempre presente, dando a sua anuência a estas investidas, certamente orgulhosa por ver pelo menos esta sua cria, a transfigurar-se num verdadeiro gato selvagem. Aliás, no futuro não farei mais nenhuma referência á mãe: Já todos percebemos claramente qual o seu papel!
Gosto deles como eles são. E tenho saudades, muitas saudades, de uma carícia.
Continuo a alimentá-los.

Para a próxima vamos dar umas tréguas aos gatinhos!
Alguém se quer adiantar e adivinhar qual a relação entre “Porcos e política”?
Vai ser o próximo tema!

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Dá gosto ver crescer estes gatinhos


Já vos tinha apresentado estes gatinhos! Agora, gostaria de partilhar esta vitória, conseguida precisamente esta manhã!
Consegui fazer-lhes umas festinhas! E assim estiveram ainda durante uns bons instantes, naturalmente, sem a mãe por perto.
Tudo se complicou, foi quando a mãe apareceu! Bastaram duas miadelas de repreensão (ou repressão, vamos admitir) e, assustados com a minha presença, até então aceite, deram dois pulos e já estava eu com as arranhadelas da prache, as tais que eu sabia ter garantidas.
Fiquei com pena, pois ainda não tinha conseguido interagir assim tanto tempo com eles, mas foi decisivo o papel da mãe, que ao aparecer alertou para um perigo inexistente, pois como toda a gente já percebeu, apenas procuro uma interacção e coexistência pacífica com os gatinhos…
Mas valeu a pena! E vou continuar e insistir… quem sabe um destes dias ainda ponho no blogue uma fotografia deles bem nutridos, desparasitados, com as vacinas em dia, que são apenas exemplos do que perdem por “não se darem ás boas” comigo… Ainda assim, já têm uma cestinha com o fundo forrado a turco para sentirem conforto nas noites que já vão arrefecendo... Por outras palavras, já têm garantido "cama, mesa e roupa lavada"!
A questão, como alguém comentou na anterior publicação, é que eles continuam a agir por instinto. Parece-me que esse instinto pode ser corrigido, perante o reconhecimento da falsa ameaça, desde que a possibilidade de interagir com eles não seja impedida, como a mãe fez, apenas com um um som.
Tenho de aprender a lidar com estes instintos animais hostis.
Pode ser que consiga por alguma analogia, implementar algumas práticas para lidar com a crueldade e maldade de alguns humanos, de olhar inocente, mas de personalidade distorcida e sem carácter que por aí abundam.
Vou dando notícias.
Dá gosto ver crescer estes gatinhos!

sábado, 3 de outubro de 2009

Ironias da natureza


Apresento-vos os gatinhos que me apareceram à porta há cerca de um mês. São os da esquerda na foto, ao lado da mãe, uma gata selvagem que não se deixa tocar. Não têm nome, chamo-os de "Branquinho" e "Amarelinho" são brincalhões e traquinas. Alimento-os todos os dias, não falham uma refeição, mas quando procuro tocá-los, chegar perto deles, fogem, viram uma cara agressiva, típica de gato assanhado, com os olhos enormes, e orelhas deitadas para trás, e bufando colocam-se em posição de ataque. Ou seja respondem com agressividade, a a quem procura dar e receber afeto, deitam as unhas de fora, a quem todos os dias os alimenta. Fazem exactamente aquilo que a mãe, na foto a olhar de lado, sempre desconfiada, os instiga a fazer... ainda que tembém ela não falhe uma refeição!
Pois é: A natureza, de onde tantas lições podemos tirar, tem também destas ironias...
Mas estes animais são irracionais!
Continuo a alimentá-los. Continuo a procurar o seu afeto.
A unica coisa que tenho por garantido, são umas arranhadelas!
É a vida!