Sonhar Abril, dos quarenta cravos vermelhos.
Sonhar Abril, da liberdade, da paz e do futuro.
Sonharam novos e sonharam velhos!
Galgaram estradas, caminhos e ruas,
partiram cercas e tombaram o muro
da tirania e da opressão.
Com cravos, e as armas da verdade e da razão.
Sonharam a democracia, progresso, igualdade,
sonharam com uma nova vontade,
de construir, crescer evoluir.
Olhar em frente, rumar à liberdade!
Roubam-nos o sonho… esmagam Abril,
Abafam a voz dos que deram o corpo às balas!
Roubam-nos o sonho e carregam cifrões,
regam os cravos com águas do passado,
mandam-nos fazer as malas…
Os ladrões!
Ladrões de um sonho de Abril realizado!
E assim, à deriva deixaram uma nação
embalada em ondas de promessas,
e abutres armados de corrupção,
que viraram tudo às avessas!
Comemorar Abril sem coração?
Comemorar Abril com cravos cinzentos?
Não! Abril sonha ainda…
Que não se abra a porta da escuridão,
que soprem novos ventos!
Que não se cale de vez a esperança,
que venham archotes de indignação!
Ainda há Abril por cumprir
E cravos que querem ter cor!
Há muita alegria para rir
Há ainda muito orgulho e preceito!
Sem portas escancaradas,
filósofos ou animais de capoeira.
Firmes, de fileiras cerradas,
de um só folego sopremos esta poeira.
Porque afinal, Abril chegou!
E já com quarenta cravos no peito:
Ainda não se realizou!
Jaime Martins – Abril 2014
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