quinta-feira, 7 de julho de 2011

O sonho no pedaço de papel


O sonho no pedaço de papel, um dia tomou a forma e a cor dos olhos e sentido próprios dos sete ou oito anos.
Recorte de caderno, o avião caricaturado estava cheio de cor, rigorosamente pintado, com traço firme e meticuloso, bem à medida do amor com que foi entregue, assinado no verso.
Agora, é tudo o que resta. Um pedaço de papel. Gasto de tantos anos me acompanhar na carteira. Gasto de tanto me incentivar e motivar na persistente busca da verdade, sempre encoberta pelos tentáculos da ganância e despudor. Gasto de tanto me fazer pensar que valeria a pena lutar, por dar de novo vida ao sonho… Mas hoje, passados 11 anos não é mais que uma mancha, tal como o que um dia foi sonho, também é agora mancha. A cor desbotou, a assinatura desapareceu. É apenas um papel enrugado e amassado. Premonição de uma luta inglória, anúncio de um fim próximo. Verdade ou despudor? Já não importa. Já nada importa. A cor já lá vai… levou-a o tempo, juntamente com a esperança.

2 comentários:

  1. Meu amigo Jaime,
    A ESPERANÇA não é a última que morre. Ela é a primeira que surge, quando tudo parece perdido.
    Deixa que um dia a cor volte a pintar esse amarrotado papel...
    Tu és um homem de ESPERANÇA...
    Um abraço

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  2. Célio:
    A esperança por vezes esbarra na crueldade. No entanto, as manhãs continuam coloridas. A esperança vã, lentamente dá lugar ao realismo, de contornos moderadamente optimistas, tal como o vento da tempestade dá lugar à brisa que enche a vela. E a vida segue o seu rumo, ao sabor dessa brisa. Obrigado pela visita, e comentário. Abraço!

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