Pensei em escrever sobre o bárbaro facínora da Noruega. Mas não o vou fazer. Sobre ele, muitos têm agora a missão de o fazer, de o analisar, de tentar descortinar algo que possa, ou não, explicar tal comportamento.
Neste momento, prefiro orientar os meus pensamentos para as famílias das vítimas. A quem deixo uma palavra de solidariedade, e para a partilha de algumas questões, que me assaltam cada vez que este assunto passa nos media:
Afinal, aqui tão perto, na Europa, num país de exemplar comportamento democrático, como é possível surgir tamanho monstro? Que aprendemos nós afinal, com o deplorável comportamento e megalomanias de Adolf Hitler? Como se compreende que as pistas deixadas por este facínora na execução dos seus planos tenham sido negligenciadas? Porque não tinha tez escura e não professava religião diferente? Que outras influências conseguiu ele conquistar para passar despercebido a tudo e todos?
Pobre Europa esta… Caldeirão explosivo, multirracial, de nobres valores já tão esquecidos. Onde grassam os ideais do Iluminismo, Liberdade, Igualdade, Fraternidade? Afinal nunca postos verdadeiramente em prática...
Onde pára Liberdade, subjugada ao capital e interesse económico de alguns? Onde pára a Igualdade, enterrada num fosso cada vez mais fundo, onde os ricos estão cada vez mais ricos, e os pobres cada vez mais pobres? E onde pára a fraternidade, numa Europa mais fratricida que fraterna, onde, irmãos lutam contra irmãos e filhos contra pais, onde homens escravizam outros homens, onde se mata porque sim!
Um objectivo de Anders Behring Breivik é ficar na História. Já o conseguiu. Espero que fique ainda por outros motivos, como por exemplo a reactivação da pena de capital na Noruega. Só assim, cortando o mal pela raiz, se pode evitar que estas inocentes e promissoras vidas que foram ceifadas, não o tenham sido em vão. Está na altura de a Humanidade aprender com os erros do passado, e de uma vez por todas, construir um futuro. Verdadeiramente Livre, Fraterno, Solidário!